O Grupo de Trabalho (GT) de Saúde do Itaú debateu, na última quinta-feira (9), o programa Recomece, voltado para todos os funcionários que estão aptos a voltar ao trabalho, após afastamento por problemas de saúde, mas necessitam de um retorno gradual. A apresentação foi feita pela área de medicina ocupacional do banco.
O Recomece é voltado para todos os funcionários que estão aptos a retornar ao trabalho, após afastamento por problemas de saúde, mas necessitam de um retorno gradual. Os trabalhadores que ficaram mais de 180 dias afastados entram no programa automaticamente e os que ficaram menos de 180 dias, só entram no programa após indicação médica. A validade do programa é de 15 dias e pode ser ampliada a 30 dias. O acompanhamento é feito pelo banco, orientado por uma assistente social e também um tutor, que pode ser o próprio gestor do trabalhador.
Luciana Duarte, coordenadora do GT de Saúde do banco, criticou a apresentação do programa, mesmo com as negociações em curso sobre o programa de retorno ao trabalho previsto na cláusula 43 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. “O prazo foi reduzido de seis meses a um ano, como previsto CCT, para 15 a 30 dias no programa do banco. Nossa, avaliação é que essa redução tem de ser sempre avaliada por um médico assistente”, apontou.
A coordenadora apontou ainda que os bancários, já sobrecarregados, além de se preocupar com as metas absurdas, ainda terão uma responsabilidade a mais. “Antes era a medicina ocupacional do banco que fazia este acompanhamento. Somos favoráveis a uma gestão humanizada, mas isto também passa também por metas humanizadas”.
O GT entende que o programa poderá cumprir uma importante função em alguns casos. Porém, quando o afastamento for por doença relacionada ao trabalho, principalmente, quando causado por problemas de gestão, ter a figura do gestor como responsável pela readaptação ou como tutor não é a melhor escolha.
Para a coordenadora do GT, o afastamento do trabalho é um momento traumático para o trabalhador que tem que lidar com a doença e a insegurança. “O momento do retorno deverá ser feito com o objetivo de reinserir este trabalhador de forma gradativa, respeitando suas limitações e, principalmente, em ambiente livre dos problemas que ocasionaram seu adoecimento”.
Ao ser questionado por não ter procurado o movimento sindical para construção do Recomece, o banco informou que o programa encontra-se em construção e propôs um calendário para discussões.
O GT também denunciou ao banco o assédio informado pelos trabalhadores elegíveis ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV). “Como o nome diz, a adesão deveria ser voluntária. No entanto, há denúncias de constrangimento para a adesão”, afirmou Carlos Damarindo, membro do GT de Saúde. O banco informou que não concorda com tais práticas.